Ele promove uma explosão de amor. No momento do parto, o hormônio oxitocina é liberado em quantidades tão grandes que desempenha um papel fundamental no estreitamento dos laços criados entre mãe e filho. Um beijo apaixonado e um abraço apertado também estimulam a produção da substância no organismo — não à toa, ela é considerada uma espécie de cupido que vive dentro do cérebro. Agora, pesquisadores da Universidade de Rockefeller, em Nova York, descobriram o mecanismo pelo qual a oxitocina promove a interação entre os sexos. Segundo os cientistas, o segredo está em uma nova classe de células cerebrais, identificadas recentemente.
Nathaniel Heintz, professor do Laboratório de Biologia Molecular da instituição, diz que, no início, a equipe estava estudando um novo tipo de neurônio, chamado interneurônio ou de associação, em ratos. Essas estruturas recebem mensagens das células sensoriais, fazem o processamento da informação e mandam comandos para os neurônios seguintes, dentro de um circuito. Coautora da pesquisa, a estudante de doutorado Miho Nakajima analisava tecidos do córtex cerebral quando viu uma proteína até então desconhecida. Era um receptor da oxitocina.
Nakajima conta que ficou intrigada. “Logo pensei em que tipo de relação essa pequena população de interneurônios teria com uma substância tão importante quanto a oxitocina. Como o hormônio está mais envolvido com comportamentos de fêmeas, resolvemos concentrar nossos experimentos nelas”, revela. “O que aconteceu foi que, ao identificarmos uma nova população de neurônios que se ativam pela oxitocina, simplesmente descobrimos uma forma como esse sinal químico influencia as interações entre machos e fêmeas. Pelo menos no que se refere a ratos”, completa Nathaniel Heintz. O resultado do estudo foi publicado na revista Cell.
Para entender melhor como a nova classe de neurônios se relaciona com o “hormônio do amor”, como a oxitocina é popularmente chamada, os cientistas bloquearam, em um grupo de fêmeas, a habilidade de os receptores detectarem a substância. Em seguida, Nakajima aplicou um teste comportamental, no qual os animais poderiam escolher entre explorar um recinto com um macho ou um ambiente onde havia um objeto inanimado (um bloco de Lego). Normalmente, as ratinhas preferem a companhia de um outro ser vivente. “Legos e outros objetos empilháveis não costumam empolgar os ratos”, brinca a pesquisadora. Mas o que se viu foi o contrário. Em vez de se interessar pelos machos, as fêmeas com receptor de oxitocina bloqueado interessavam-se muito mais pelas peças de plástico.
FONTE: O Imparcial
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