A suspensão do bloqueio a Cuba foi respaldada por 188 países na Assembleia Geral da ONU, que votou nesta terça-feira (28), em Nova York, a resolução “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba”, apresentada pela 23ª vez pelo chanceler cubano Bruno Rodriguez.
Por Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Cuba Debate
Não há nenhum indício do governo norte-americano a respeito do fim do bloqueio a Cuba.
Apesar do apoio maciço dos países membros do organismo, novamente a resposta do governo norte-americano é negativa no sentido de acabar com a política de sanções ao país caribenho. A votação repete o resultado do ano anterior, ou seja, 188 países manifestaram-se a favor. Apenas os Estados Unidos e Israel votaram pela manutenção das medidas hostis e três países se abstiveram.
Rodríguez denunciou que os danos humanos resultantes do bloqueio imposto pelos Estados Unidos crescem a cada ano e é impossível calcular seu impacto. Ele reportou aos 193 representantes da ONU que “77% dos cubanos nasceram sob estas circunstâncias”.
“Nenhuma pessoa honesta, no mundo ou no Estados Unidos, poderia apoiar as devastadoras consequências de uma política proibida por muitas convenções internacionais, incluindo a de Genebra de 1948”, assinalou.
O bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos Estados Unidos se iniciou em 7 de Fevereiro de 1962. Foi convertido em lei em 1992 e em 1995. Em 1999, o presidente Bill Clinton ampliou este bloqueio comercial proibindo que as filiais estrangeiras de companhias estadunidenses de comercializar com Cuba.
“Cuba nunca renunciará a sua soberania, nem ao caminho livremente escolhido pelo seu povo para construir um socialismo mais justo e eficiente. Tampouco desistirá da busca por uma ordem internacional distinto, nem deixará de lutar pelo equilíbrio do mundo”, disse o chanceler cubano.
Isolamento de Cuba ou dos EUA?
Recentemente, um dos jornais de maior circulação no mundo, o New York Times, publicou um editorialpedindo que o presidente estadunidense, Barack Obama, “reflita seriamente” sobre “retomar as relações diplomáticas” com Cuba.
“Seria sensato que o líder estadunidense reflita seriamente sobre Cuba, onde uma reviravolta política poderá representar um grande triunfo para seu governo”, diz um trecho do texto.
Não há nenhum indício do governo norte-americano neste sentido. Por sua vez, a movimentação de Cuba é antagônica a este posicionamento. “Convidamos o governo dos Estados Unidos a uma relação mutuamente respeitosa sobre bases recíprocas, fundamentada na igualdade soberana, nos princípios do direito internacional e na Carta das Nações Unidas”, disse o chanceler cubano perante a ONU, nesta terça-feira.
De acordo com o diplomata, a decisão de eliminar o cerco seria bem-vinda em escala mundial e resultaria em uma influência unitária a favor da paz e da solução pacífica dos conflitos e diferenças entre os dois países.
Cada vez mais, o governo norte-americano se isola em sua política imperialista, criticada até mesmo por aqueles que são contrários ao regime socialista cubano.
Celac, G77 e Países Não Alinhados apoiam o fim do bloqueio
O porta-voz da Costa Rica na ONU afirmou que as medidas unilaterais dos Estados Unidos no bloqueio imposto a Cuba afetam as negociações de empresas com o país caribenho. Nesta terça-feira (28), Juan Carlos Mendoza pediu, em nome da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que a soberania e a autodeterminação dos cubanos sejam respeitadas sem pretextos.
“A Celac deseja ratificar seu apoio à 23ª resolução sobre o fim do bloqueio”, afirmou o costarriquenho, que ressaltou a importância da suspensão desta política ao lembrar que a mesma gerou perdas inestimáveis ao povo cubano.
Dados das votações na ONU contra o bloqueio a Cuba. Crédito: Théa Rodrigues
Em nome da Bolívia e do G77+China, o embaixador Sacha Llorenti também pediu o fim do bloqueio a Cuba e assegurou que tal medida é uma “ameaça para a humanidade”. Segundo o boliviano, “as vidas humanas são amaçadas, uma vez que a saúde pública é assolada pelo bloqueio, da mesma forma que a educação, a cultura, os esportes, as finanças, o comércio exterior e os investimentos estrangeiros”.
Llorenti reiterou que esta realidade que os Estados Unidos se negam a mudar é uma “aberta violação aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e do direito internacional”.
Da mesma maneira, o Movimento dos Países Não Alinhados (MNA) reiterou sua condenação ao bloqueio durante a sessão da Assembleia Geral da ONU, com sede em Nova York.
“Ratificamos nosso chamado para que o governo norte-americano ponha fim a sua política de isolamento a Cuba, que nega o direito internacional, a Carta da ONU e as normas de convivência”, afirmou Mohamed Javad Sharif, representante do Irã e delgado do MNA.
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