domingo, 16 de outubro de 2011

Orlando Silva diz abrir mão de sigilo bancário para se defender de acusação

Alvo de acusação de recebimento de propina nas dependências do Ministério do Esporte, Orlando Silva, o titular da pasta, disse no sábado (15/10) que coloca à disposição de investigação os sigilos bancário e fiscal. O ministro fez a declaração em Guadalajara, no México, onde são realizados os Jogos Pan-americanos de 2011. A divulgação da denúncia de desvio de recursos do programa Segundo Tempo %u2014 já alvo de diversas outras acusações %u2014, desta vez envolvendo diretamente Silva, levou o titular do Esporte a solicitar ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a abertura de investigação pela Polícia Federal.

Orlando Silva diz também ter procurado a presidente Dilma Rousseff, ainda na manhã de ontem, para se explicar a ela. "A recomendação da presidente Dilma foi: siga sua agenda de trabalho, de modo que sua rotina não seja impactada", afirmou o ministro. Segundo ele, "acusações levianas" e "qualquer tipo de disputa política" não têm impactos na atuação do Ministério do Esporte na preparação da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Reportagem da revista Veja desta semana, veiculada ontem, traz acusação do policial militar João Dias Ferreira contra Orlando Silva. Segundo entrevista do policial à revista, os desvios do programa Segundo Tempo podem chegar a R$ 40 milhões nos últimos oito anos. As entidades só eram contratadas se destinassem 20% do valor dos convênios a emissários do PCdoB, partido do ministro. Silva teria chegado a receber dinheiro vivo na garagem do Ministério do Esporte, segundo acusação do policial. Quem teria destinado o dinheiro pessoalmente ao ministro, conforme João Dias, é Célio Soares Pereira. Ele também acusou o ministro de participar do esquema. João Dias é militante do PCdoB e já foi preso pela Polícia Civil do DF por suspeita de desvio de dinheiro do Segundo Tempo, programa que fomenta atividades esportivas em comunidades carentes.

Silva disse ontem que processará os dois acusadores por calúnia. Segundo o ministro, a Associação João Dias de Kung Fu e a Federação Brasiliense de Kung Fu, ligadas ao policial militar, precisam devolver pouco mais de R$ 3 milhões ao Ministério do Esporte. O dinheiro não teria sido aplicado em atividades esportivas para crianças e adolescentes. O pedido de devolução do dinheiro teria sido a razão das acusações de João Dias, segundo o ministro. "Foram feitas insinuações e ameaças à equipe. Eu não temo nada que vem dessas pessoas." Outra medida que teria desagradado, conforme Silva, foi a interrupção de repasses do Segundo Tempo para organizações não governamentais.

A oposição reagiu às denúncias. Na segunda-feira, o PPS vai pedir que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, instaure procedimento para apurar as supostas irregularidades cometidas por Silva. PSDB e DEM também cobram apuração.

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, é citado na reportagem da Veja como suposto beneficiado pelos repasses do programa Segundo Tempo quando era ministro do Esporte. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do GDF destacou que Agnelo "jamais participou de processos para transferência de recursos públicos para 'ONGs amigas'".

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