domingo, 27 de novembro de 2022

Crônica: O Dia em que a Tia Preta parou

 

Sou desses boêmios mais observadores  que etílicos. Gosto de degustar a noite na terra da Bacaba como se fosse o ultimo dia de minha vidas. Sou avesso  à informação, não me dizem nada a não sei o que já sei. E só “sei que nada sei”. Depois de ter tomado todas num bar pouco frequentado na Avenida Mearim, me desloquei para BR 316 , agora muito bem iluminada com canteiros coloridos.

Desde o principio da minha jornada achei estranho. O número de usuários de drogas ilícitas, por que as lícitas os “cidadãos de bem” usam como se fossem agua, havia aumentado e diminuíam quanto mais me aproximava da Tia Preta. A Tia Preta não é um Bar, mas uma família de restaurantes populares que pensam ser um clube dançante.

Lá é o point da madrugada, quando os “cidadãos de bem”, esquecem que são casados e vão em busca de “afogar o ganso” numa fuga semanal da rotina caseira, mesmo que no setor só se ofereça comida caseira.

Estranho! Não ouço o som da música nem sempre bem tocada, mas que agrada aos ouvidos. O esquema não estava lá, os músicos talvez estivem em outros... esquemas.

As mulheres de cheiro barato também não estavam lá. Nem mesmo as  senhoras com 60 anos ou mais com suas maquiagens estranhas e roupas de periguetes novinhas, também não estavam lá.

A Garçonete mau vestida da qual sempre comprava uma cerveja fiado por semana, também não estava lá.

O homem de lata, uma figura exótica em situação de rua, também não estava lá. O moto taxi clandestino que já sabia a hora de me levar pra casa, também não estava lá.

Os repórter policias que iam à Tia Preta em busca de noticia, também não estavam lá.

No Fuzuê havia um zum-zum-zum, eram os frequentadores do lugar que expressavam seu amor pelo novo Delegado da cidade que resolveu não expedir a licença para  realização da tradicional festa do caipirinha.

Com essa deu até vontade de tomar uma caipirinha, dessas bem brasileiras com cheiro do Mearim. Será o Benedito? Não Dr. Benedito não faria uma coisas dessas, ele também é cliente do lugar, afinal depois da meia noite o local é frequentado por gente da “melhor qualidade”

O fato é que o novo delegado, dentro da lei é claro, fez toda uma cadeia produtiva da cultura parar, com isso consegue também diminuir o índice de violência, bebedeira descontrolada, prostituição e circulação de drogas. Coisas que fazem parte do cotidiano da vida e que passam despercebidas pelas pessoas envolvidas na matrix.

É dentro da lei também que essas mesmas pessoas, na falta de outra ocupação, tiram dessas atividades nem sempre tão dignas, o sustento de suas famílias. Aí está a outra face da moeda. E agora José? E agora Maria? Que fazer?

Nos senadinhos da cidade já se comenta que o delegado não ficará muito tempo , nada mau num estado onde as autoridades comemoram a transferência para capital como uma promoção. O fato é que em cidade pequena a vida continua pequena, um jogo de cartas marcas onde não há vencedores. Não aprendemos que a realização de festas exige o mínio de segurança, principalmente quando parte dos frequentadores não inspiram confiança.

Quer saber de uma coisa? Vocês que são brancos que se entendam. Esse angu tem muito caroço.  E não adianta vir atrás de mim. Não concedo entrevistas. A minha lei sou eu que faço.  Como amigo leitor? Quem sou eu? Eu sou você que critica a “Tia Preta” e vou pra lá depois da meia noite...

0 comentários:

Postar um comentário